sábado, 6 de agosto de 2011

Sem culpa, só saudade.


Era uma sexta cansativa como todas daquele mês tinham sido, mas dessa vez ninguém a estava esperando. O banho foi demorado, pra tentar se livrar das sujeiras que o dia tinha lhe dado sem que ela pedisse. O creme deslizava mais devagar sobre sua pele, como se quisessem fazer o papel que não era deles, como se insistissem num carinho que não podiam dar.

Ficou ali, parada frente ao armário abarrotado de roupas, como quem procura algo que já sabe que não vai encontrar. E como por um empurrão se atirou sobre as roupas e ali sentiu o cheiro dele. Uma ideia passou por sua cabeça rapidamente, mas com a intensidade de um pulo. Se vestiu, pegou a bolsa e correu para chegar a tempo.

No ponto de ônibus seus pensamentos eram tão grandes que furavam sua cabeça, e isso parecia lhe fazer cócegas. Até que enfim o ônibus chegou e ela teve de esperar sentada mas ainda com o coração batendo forte. Em alguns minutos de eterna ansiedade, ela avistou o aeroporto e em uma piscada já estava correndo  pelo saguão, até que o avistou. Assim que seus olhares se cruzaram, todo peso em excesso caiu e correram tão rápido um em direção ao outro que ao se abraçarem pensaram que podiam voar. E parecia que voavam mesmo.

Depois de um longo beijo, dois segundos de conversa e um sorriso que fez tudo fazer sentido, ela deu as costas, recolheu o peso que tinha que carregar e foi andar pelo seu próprio caminho, deixando que ele também fosse, já que os dois tinham mesmo que ir. Sem culpa, só saudade.

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