quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nunca aprende...

Na beira eu me divertia, me equilibrava e andava na ponta dos pés. Ás vezes abusava da sorte e dava um pulinho, a meia escorregava, mas eu abria os braços e voltava ao equilibro. O espaço não era grande, mas cabiam meus pés, um seguido do outro. Quem estava me vendo, ria, e, pra variar e fingir alguma preocupação, pedia cuidado. Eu queria me arriscar mais, era tão excitante sentir o corpo vazio e cheio de ar, sentir escorregar e suar frio. Grande foi meu espanto ao escorregar o pé naquele estreito liso e não conseguir voltar ao equilíbrio, olhar com pavor àquele que me via e pior: ver o pavor com que ele me olhava. Já não era tão divertido. Eu ficava mais pesada a cada segundo e sentia o chão mais próximo. Enquanto caía nenhum filme da minha vida se passava em frente aos meus olhos, e nem queria vê-lo, estava mais preocupada em aprender a voar. Caí de costas numa caminhonete cheia de colchões. Minha alma demorou um pouco pra chegar, então fiquei ali olhando de onde eu tinha vindo, calculei uns 4 metros, mas não tinha certeza. Levantei achando estranho a situação, quem colocou essa caminhonete com colchões aqui? O motorista voltou do banheiro e foi embora. Subi as escadas correndo, cheguei na beira e comecei a me equilibrar.

.nara.grilo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Contos de Garota (3)

Esperei até meu coração começar a bater... Esperei até quem estivesse me vendo cansasse. Olhava pra porta toda vez que ouvia um barulho, mas nunca era você. Apertava as teclas do celular, pensava em mandar uma mensagem, bebia alguma coisa, mas você não chegou. Alguém veio falar comigo, pra jogar conversa fora, pra me fazer ir para outro lugar, mas eu me desviei e nem liguei, o que você iria pensar se me visse com outro que não fosse você enquanto você não vinha? É... já no final da tarde olhares mais próximos se enchiam d'água por mim, tentavam nem me olhar mais. Fui pra casa e dormi. Não, eu não dormi. No dia seguinte você me ligou, já era quase hora do almoço, sequei a água do rosto e respirei fundo. "Alô?!" com um sorriso forçado, enquanto do outro lado uma voz meio rouca e frustada perguntava onde eu estava. "Viajei e não vou voltar, fui com o alguém que queria jogar conversa fora, que queria me levar para outros lugares, que sempre esteve mais ligado em mim do que você. Saí do túnel onde minha vida chiava, já não suportava mais, e agora com a luz posso ver sua essência e ter certeza de uma coisa: do que eu não quero pra mim." Tum Tum Tum Tum. Foi o que ele ouviu por fim, e ouviu pela primeira vez, mas nem ele sabe dizer se era o telefone ou as batidas do meu coração.

.nara.grilo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Fotografias...

Alegrias adimensionais que são dimensionadas por uma borda. Chamar de lembranças é pouco, nostalgia é mais adequado. Acontece só por um segundo, o momento exato, a luz certa e a mensagem. Apertar um botão não pode ser chamado de fotografar, vai mais além que isso, é a interpretação da realidade, não apenas uma copia dela. É uma arte que além de sentimentos leva consigo a ciência de um equilíbrio entre luz, sombra, cores e paixões. 'Fotografar é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração' (Henri Cartier-Bresson 1994).


.nara.grilo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Contos de Garota (1)


Mesmo sem querer ela borrou a maquiagem, borrou com sentimentos que caiam se seus olhos. Ela já os guardava há um tempo e nem percebia, se dizia forte para agüentar tudo aquilo, mas não era, só dizia. Ela tinha se arrumado por horas, escolheu o vestido e arrumou o cabelo com toda vaidade que tinha, e nem tinha muita. Quase nem comeu o dia todo, por ansiedade ou insegurança, ninguém sabia direito, talvez nem ela, e dizia que tinha comido, mas não tinha. Sorria muito com a boca magenta num traço único, dentes brancos e os olhos apertados tentando não deixar o sorriso escapar, mas escapou. Foi quando deu meia noite. Ela nem tinha reparado, mas quando sentiu as doze badaladas, facas que lhe cortavam o peito, não conseguiu ser forte. Tinha sido só uma brincadeira, uma brincadeira tão real que ela levou a sério, mas ele não. Tirou com força os grampos prateados do cabelo deixando suas madeixas caírem sobre os ombros como acontecia nas pós-festas em que ia. A boca já não tinha um traço único, os sentimentos haviam passados pelo traço e diluído a magenta, tornando-a rosa. Eles também lavaram a cor de seus olhos e das bochechas. Os olhos ainda estavam apertados, mas era pra tirarem todo sentimento que resolvesse ficar.

.nara.grilo.
Poemas invertidos
fotos rasgadas em tantos pedaços que é impossível colar de novo.
Folhas em branco
memórias guardadas em algum pedacinho do inconsciente.
Sonhos normais
a loucura já tomou minha vida.

.nara.grilo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


O Tempo não cura nada.
O Tempo só desloca o incurável do centro das atenções.

domingo, 9 de novembro de 2008

Vou sair...


Vou sair por aí com todos achando que eu não tenho rumo, que eu não meço meus atos. Vou sair por aí sem olhar pra trás, sem chorar pelo que eu perdi. Vou andando devagar e admirando tudo em volta pra guardar o máximo de lembranças possíveis. Sair pra respirar novos ares, pra não cair na rotina e me sufocar com a minha mente pequena. Vou sair despreocupada com quem está me vendo passar, se quiserem me fazer companhia serão bem-vindos, se quiserem falar mal serão ignorados. Vou andar do jeito que eu quiser, se achar interessante parar, assim o farei, se achar melhor correr, o mesmo. Vou saindo do meu mundinho e conhecendo novas vidas, novos problemas e novos pensamentos. Caminhando mais, encontrarei talvez, algumas respostas ou até mais dúvidas. Vou sorrindo e continuarei assim mesmo se chover. Se um dia eu voltar, com certeza estarei diferente, e se alguém se interessar posso contar sobre minha jornada. Mas só se eu voltar.


.nara.grilo.

sábado, 1 de novembro de 2008

ponto

Era só isso que eu tinha pra falar de você...











... beijinhos diamante

terça-feira, 28 de outubro de 2008

acho que agora eu aprendi.


E assim se passaram duas semanas. Semanas paradas, sufocadas e choronas.
Daí uma conversa, uma última conversa que me esclareceu tudo, me fez enxergar todo esse drama de olhos secos. Eu não queria mais me jogar, queria jogar você com sua covardia e minhas atitudes imaturas.
Levantei, dando um passo de cada vez, tirei o chinelo e coloquei um salto.
Até me lembrava dos bons momentos, mas agora em nada mexiam comigo. Me sinto melhor, bem melhor. E o principal: te desejo o mesmo.

.nara.grilo.

Você me tirou o sono

Pensamentos atropelavam meu sono como trem desgovernado, não me permitiam adormecer. Uma inquietação tomava conta de mim, eu me virava e me remexia na cama, a noite era calada e isso formava em mim uma sensação nunca antes sentida, uma mistura de prazer e agonia. Mesmo deitada podia notar as pernas bambas, meu olho aberto, meu coração pulando e pedindo para te ver, meus pensamentos estavam tomados por ti, apesar de meus esforços para resistir, era tarde, você já tinha me deixado corada mesmo antes de sua imagem invadir minha mente. O calor já dominava meu corpo, o lençol parecia me sufocar e a vontade de gritar, chorar e rir ao mesmo tempo era intensa. Naquela noite você me tirou o sono, se apoderou da minha mente e trouxe singular sentimento que, até esse dia, eu só tinha ouvido falar. Eu ainda estava na cama, mas minha alma ia de encontro com a sua e pararam em frente a lua se admirando e se apaixonando. Era impossível conter, inútil lutar e difícil de entender, mas será que eu precisava entender? Comecei a achar que poderia ser algo passageiro e que de manhã eu estaria sã novamente.
Nunca vi uma noite passar tão devagar, era como se a noite soubesse que eu precisava do raiar do dia para me levantar e me ocupar com algo para esquecer ou pelo menos ignorar meus pensamentos - você -, e só por isso ela me fazia sentir cada segundo, eu olhava para o relógio e os ponteiros não se mexiam, como se o tempo estivesse parado para me ver agonizar mais. Eu fechava os olhos e via você, abria-os e via o relógio parado. E assim foi minha noite, tudo por causa daquela carta mal feita e daquela flor amassada. Malditas sejam! Maldito seja! Não quero isso, não pedi isso, é assustador demais, dá arrepio, dá frio quente e quente frio. Agora, com o estrago feito só o que posso pedir é que N. Senhora me proteja e saiba me guiar por esses caminhos que chamam de amor. Amor?
Assim seguiram minhas noites, noites paradas, noites sem horas, sem vontade de acabar. E por essas noites eu traçava meus sonhos, minhas vontades e fazia de tudo um teatro comandado por mim; um cenário, figurantes, você, eu, nossas vidas; tudo ajeitado para sermos felizes. Muitas vezes cheguei a achar que era real, mas não durava muito, meus pensamentos tratavam de me lembrar das diferenças, você se desfazia como fumaça indo pro céu e levava meu coração, e essas horas me faziam querer morrer, mas como? Não é prudente! Eu morrendo por ele é uma idéia inescrupulosa e absurda.Como ele conseguiu? O que fez comigo? Por que toda vez que o vejo minha boca insiste em sorrir, meu sangue subir todo para meu rosto e corar minhas bochechas? Eu o quero! Mas, um olhar, basta um olhar e eu já me entrego, me entreguei, sou dele e ele meu pela eternidade, eu o aceito e enfrento todas as consequências e opostos a essa união.
Esse sentimento faz a gente ficar tonto de repente, o corpo arrepia até por uma esbarrada, os olhos o enxergam antes mesmo dele aparecer, você olha para outro lado quando ele percebe que você já estava o observando a horas sem se cansar, perdê-lo de vista é como perder o rumo, e escutar sua voz é a calmaria tão desejada. Juras, jura que me amas e eu te entrego minha vida, já que já vivo por ti a tempos. Quem sofre disso percebe coisas e se ilude fácil, é perseverante e sempre tem um confidente, quero ser o teu, preciso saber o que me escondes, preciso saber o que me puxa para ti. Diga, preciso saber.

.nara.grilo.

uma dica...

Faça do seu jeito, não siga o padrão que é imposto a você , viva cada segundo, aproveite as oportunidades e se liberte. Liberte a alma, o espírito, e respire fundo de olhos fechados. O mundo muda a cada piscada e não vai te esperar, mexa-se e corra atrás do que você quer, não espere que alguém o leve até você, o gostinho de conseguir por si só torna mais doce a conquista. Evolua com suas experiências, tire algo de bom até de uma tragédia, a cada queda levante mais forte, e quando estiver cansado e se sentir sozinho pode ter certeza que terá alguém pra te ajudar, mesmo se você não ver esse alguém. Sonhos são os que nos movem e mantém vivos, mesmo aqueles ditos como impossíveis acabam se transformando e se apresentando a nós de um jeito inesperado. Vamos fazer um livro, plantar uma árvore, ver o pôr-do-sol, brincar na chuva; Aprender, descobrir, sonhar cada vez mais, rir sem motivos e ajudar aqueles que ainda não enxergaram a maravilha que é VIVER.
.nara.grilo.