quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nunca aprende...

Na beira eu me divertia, me equilibrava e andava na ponta dos pés. Ás vezes abusava da sorte e dava um pulinho, a meia escorregava, mas eu abria os braços e voltava ao equilibro. O espaço não era grande, mas cabiam meus pés, um seguido do outro. Quem estava me vendo, ria, e, pra variar e fingir alguma preocupação, pedia cuidado. Eu queria me arriscar mais, era tão excitante sentir o corpo vazio e cheio de ar, sentir escorregar e suar frio. Grande foi meu espanto ao escorregar o pé naquele estreito liso e não conseguir voltar ao equilíbrio, olhar com pavor àquele que me via e pior: ver o pavor com que ele me olhava. Já não era tão divertido. Eu ficava mais pesada a cada segundo e sentia o chão mais próximo. Enquanto caía nenhum filme da minha vida se passava em frente aos meus olhos, e nem queria vê-lo, estava mais preocupada em aprender a voar. Caí de costas numa caminhonete cheia de colchões. Minha alma demorou um pouco pra chegar, então fiquei ali olhando de onde eu tinha vindo, calculei uns 4 metros, mas não tinha certeza. Levantei achando estranho a situação, quem colocou essa caminhonete com colchões aqui? O motorista voltou do banheiro e foi embora. Subi as escadas correndo, cheguei na beira e comecei a me equilibrar.

.nara.grilo.

3 comentários:

Renan Ramos disse...

Como um coringa esse texto pode se contextualizar a várias coisas... no momento ele me fez lembrar muito a respeito de paixões e amor... sendo estes a beirada em que nos divertimos e da qual nos arriscamos a cair.

A sorte é ter um colchão, triste é quando ele não está lá, a dor é indescritível e pensamos em nunca mais voltar a brincar... mas alguma coisa nos impele a voltar a se arriscar... talvez seja essa vontade louca de querer voar...

Nara Grilo disse...

Nossa, adorei.

Nesse aspecto caímos muito mesmo, nos enganamos e as vezes até nos traumatizamos... A melhor coisa é saber esperar e identificar aquele(a) que esperará por você.

Renan Ramos disse...

Eu esperaria por você...