quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Contos de Garota (1)


Mesmo sem querer ela borrou a maquiagem, borrou com sentimentos que caiam se seus olhos. Ela já os guardava há um tempo e nem percebia, se dizia forte para agüentar tudo aquilo, mas não era, só dizia. Ela tinha se arrumado por horas, escolheu o vestido e arrumou o cabelo com toda vaidade que tinha, e nem tinha muita. Quase nem comeu o dia todo, por ansiedade ou insegurança, ninguém sabia direito, talvez nem ela, e dizia que tinha comido, mas não tinha. Sorria muito com a boca magenta num traço único, dentes brancos e os olhos apertados tentando não deixar o sorriso escapar, mas escapou. Foi quando deu meia noite. Ela nem tinha reparado, mas quando sentiu as doze badaladas, facas que lhe cortavam o peito, não conseguiu ser forte. Tinha sido só uma brincadeira, uma brincadeira tão real que ela levou a sério, mas ele não. Tirou com força os grampos prateados do cabelo deixando suas madeixas caírem sobre os ombros como acontecia nas pós-festas em que ia. A boca já não tinha um traço único, os sentimentos haviam passados pelo traço e diluído a magenta, tornando-a rosa. Eles também lavaram a cor de seus olhos e das bochechas. Os olhos ainda estavam apertados, mas era pra tirarem todo sentimento que resolvesse ficar.

.nara.grilo.

2 comentários:

Larissa disse...

é horrivel quando a festa acaba, não sobra muita coisa, depende do lado.

Lorena Alves. disse...

[...]Mesmo sem querer ela borrou a maquiagem, borrou com sentimentos que caiam se seus olhos. Ela já os guardava há um tempo e nem percebia, se dizia forte para agüentar tudo aquilo, mas não era, só dizia. Ela tinha se arrumado por horas,[...]
M e diz MUITO,MUITO mesmo.
os finais de festa andam sendo constantes pra miim...